Início da década de 80.
Eu tinha retornado ao Brasil depois de alguns anos de exilio e militando no MR-8 era filiado ao PMDB, partido que passou a ser uma frente contra a ditadura militar, da qual minha organização participava.
Na época, o “8” fazia um grande trabalho de agitação nas ruas e eu, na região de Ribeirão Preto, comandava as brigadas de venda do jornal “Hora do Povo”, o que me custou algumas prisões efetuadas pela polícia da ditadura.
No PMDB eu participava das atividades da legenda seguindo as orientações do MR-8, procurando influir para que aquele partido avançasse na luta contra a ditadura.
Nesse período o Dr. Ulysses Guimarães percorria o país, fazendo sua pregação em defesa da democracia. Em certa ocasião esteve ele em Ribeirão Preto, visitando a região e realizando reuniões e comícios, preparando seu partido para o embate eleitoral com a ditadura que aconteceria em 1982.
Acompanhei o velho líder em todas essas suas andanças e nos comícios Dr. Ulysses me pedia que fosse o penúltimo a falar, para que ele arrematasse o ato com sua fala após meu inflamado discurso.
Em uma dessas oportunidades estivemos na cidade de Sertãozinho, onde o prefeito Waldir Trigo, engajado na luta do PMDB, organizou um grande comício.
Terminado o evento, o alcaide convidou a todos para um jantar, em que o prato principal foi o grande sucesso do comício realizado.
À época a oposição combatia com firmeza a corrupção dos integrantes da ditadura militar e na visão do prefeito não ficava bem sermos vistos bebendo em público. Quando os garçons foram “tirar o pedido”, Dr. Trigo falou em voz alta: “Ninguém bebe”!
De imediato, os presentes começaram a fazer seus pedidos:
- Refrigerante.
- Água Mineral.
-Suco.
Foi quando o garçom indagou ao líder peemedebista qual era sua solicitação.
Dr. Ulysses levantou a mão e disse: “Garçom, uma caipirinha”.
Os presentes começaram a rir, enquanto nosso anfitrião se justificava e novos pedidos choviam:
- Uma cerveja
- Uma caipirinha...
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