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Foto do escritorLeopoldo Paulino

Carolina - Chico Buarque



“O tempo passou na janela Só Carolina não viu” (Canção Carolina, Chico Buarque).

Final de 1973.

Eu estava exilado em Buenos Aires depois do sangrento golpe de Pinochet, de minha prisão no Chile, do refúgio na Embaixada do Panamá e de minha saída do inferno em que a ditadura transformou o Chile.

Fui para o Panamá e de lá para a Argentina. Naquele período eu era casado com Beti, que estava grávida e voltara ao Brasil, levando também nosso filho Carlos Eduardo, o “Tico”.

Moacyr e Cida, meus pais, foram me visitar na capital portenha e sabendo que Beti estava para dar à luz, íamos à Companhia Telefônica todos os dia e esperávamos algumas horas para conseguir falar no Brasil e saber notícias.

No dia 19 de dezembro de 1973, exatamente dois anos depois do nascimento de Tico, nasceu minha filha, que recebeu o nome de Ana Carolina. Ana, em homenagem à revolucionária Ana Maria Nacinovic e Carolina, pela música do magistral Chico Buarque.

Carolina nasceu, alegrei-me muito com o nascimento da minha menina e junto de meus pais tomamos vinho argentino para compartilhar aquela felicidade.

Por quinze anos, Carolina encantou minha vida com sua beleza juvenil e seu jeito de ser maravilhava a todos.

Encontrava-me em Brasília quando, amanhecendo o dia 9 de julho de 1989, às 4:50, o telefone do hotel toca com a notícia: “Carolina sofreu um grave acidente de automóvel”.

Depois, no hospital em Ribeirão Preto, foram dez dias de coma, muito sofrimento e a morte, que se deu no dia 19 de julho.

Carolina morre, quando começava a desabrochar.

Sofri calado e nenhuma lágrima derramei. A vida me tirara Carolina.


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