Os últimos meses de 1969 me impuseram rigorosa clandestinidade para fugir dos esbirros da ditadura militar, que pretendiam me assassinar, conforme mais tarde comprovei.
No dia 5 de fevereiro de 1970, munido de passaporte falso chego ao Chile, iniciando meu período de exílio.
Despedi-me do meu irmão em Ribeirão Preto, de minha mãe em Asunción, no Paraguai e de meu pai em Santiago do Chile.
Não tive, entretanto, coragem de me despedir de Bibi, meu poodle branco por quem tinha grande estima.
Durante meu tempo no exílio minha mãe, em suas vigiadas cartas, dava notícias da Terra e de meu cachorrinho.
Até que um dia, inevitável, uma carta trouxe a triste notícia: Bibi dera seu último latido.
Abaixei a cabeça, fiquei sozinho e foi a primeira das duas vezes em que chorei no exílio.
Breve e forte. Os animais tem um papel de muito afeto e ternura em nossas vidas. Abraços, querido camarada Leopoldo.